´É possível o controle da hanseníase´, garante especialista
Recém chegado do México, onde atuou como consultor internacional da Organização Pan-Americana de Saúde, na elaboração de plano que fará o monitoramento da eliminação da hanseníase naquele país, o médico sanitarista da Funasa, cedido ao município de Ilhéus, Humberto Barreto, que atende no Centro de Referência da Secretaria de Saúde de Ilhéus, defendeu a realização de atividades que transcendam os limites das unidades de saúde, difundam conhecimentos a respeito da doença entre a população e os profissionais de saúde e determinem o fim do preconceito e do estigma. “Acredito que o controle da hanseníase é possível. Havendo a decisão política de torná-lo prioritário, pode tornar a doença conhecida por toda a equipe de saúde, que será capacitada para diagnosticar e tratar os casos, e pelos usuários que terão conhecimentos simples para reconhecer os seus primeiros sinais".
No México, Humberto Barreto e a epidemióloga Vera Andrade, do Rio de Janeiro, se reuniram por uma semana com as autoridades e técnicos locais, discutindo a situação da endemia no país e planejaram a realização da atividade que deve ocorrer em setembro deste ano. O país se encontra na fase pós-eliminação, ou seja, reduziu o número de casos da doença para menos de um por 10 mil habitantes, e o exercício ratifica ou não esta condição. Humberto foi o brasileiro que mais participou deste exercício no Brasil, que, ao longo dos anos vem sempre monitorando a situação da endemia através do Leprosy Elimination Monitoring (LEM), sigla em inglês adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e que significa Monitoração da Eliminação da Hanseníase. “No Brasil, participei de LEMs dos estados do Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Amazonas, Maranhão e Alagoas. Fora, fiz duas vezes o do Paraguai”, informou.
Causas – De acordo com o médico sanitarista, a causa da hanseníase é a entrada do bacilo no organismo. Isto se dá quando existe no ambiente uma pessoa com forma contagiosa da doença, e que ainda não foi descoberta. Ela elimina o bacilo (quando fala, tosse, espirra ou respira) e comunicante seu contrai. "É importante lembrar que menos de 10% das pessoas que contraem este bacilo desenvolvem a doença. Mais de 90% das pessoas nascem com defesa contra o bacilo e o próprio organismo o neutraliza”, assegurou.
Sobre os primeiros sinais da hanseníase, Humberto Barreto alerta que a pessoa deve ficar atenta ao aparecimento de lesões de pele, características. “São manchas claras ou vermelhas, com alguma alteração de sensibilidade. Na prática, são manchas dormentes. Sem diagnóstico, o bacilo irá se multiplicar e atingir os nervos periféricos, com dormência também para as extremidades".
Humberto Barreto formou-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Fez pós-graduação em saúde pública pela Fundação Instituto Osvaldo Cruz (Fiocruz), mestrado em saúde coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva (ISC-Ufba) e tem título de especialização em hansenologia, outorgado pela Associação Médica Brasileira.